Saúde do Corredor

Existe risco para o meu coração quando corro no calor?

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Da “simples” desidratação ao distúrbio de íons. O cardiologista Henrique Bonaldi relaciona as alterações que a corrida no forte calor pode provocar no corpo do corredor. Entenda!

Existe risco para o meu coração quando corro no calor?

Sim, lógico. Mas também, não! Desde que você entenda que seu coração precisa estar treinado para determinada temperatura e que se previnam os efeitos do calor sobre o corpo, a atividade física no calor também pode ser feita sem riscos. E quais são esses efeitos? Durante o calor basicamente temos três grandes alterações que podem, se não forem evitadas ou compensadas, trazer risco ao seu coração. (Foto: iStock)

A primeira é a desidratação. Apesar de ser a mais temida de todas, é a mais “simples” de se evitar. A desidratação de um indivíduo de 70kg que corre num calor de 40º por uma hora pode chegar a 7% de seu peso, ou seja 5 litros aproximadamente nesse mesmo indivíduo. E mais, pra cada 1% de perda de peso, temos 5% de perda de rendimento esperada. Imagine só perder 7% de peso! E isso aumenta e muito o trabalho do seu coração! É o mesmo coração, com menos volume de sangue disponível para levar nutrientes e buscar excretas, ou seja, ainda mais trabalho ao coração.

Nesse sentido, temos o segundo grande problema: a falta de condicionamento para corridas ou atividades em temperaturas extremas. Atletas de alto rendimento ou aventureiros capacitados treinam em temperaturas extremas, e esse treino leva tempo e tem que ser bem planejado. É quase como voltar ao “nível principiante” quando falamos de atividade física vigorante em altas temperaturas ou em altitudes extremas.

Um coração destreinado pode evoluir com arritmias malignas, sinais de insuficiência cardíaca aguda, ou mesmo infarto e parada cardíaca por todo esse “desbalanço” entre oferta e demanda.

Por fim, o terceiro problema são os distúrbios de íons muito comuns em quem faz esse tipo de atividade. E esses distúrbios são ainda mais comuns nos não treinados. Sofrem todas as células do corpo, as musculares dão câimbras e fasciculações (aqueles tremores finos e involuntários), as renais concentram os rins e podem ser entupidas por essa quebra de células musculares, as cerebrais por dificuldade no uso da glicose, e as cardíacas por não haver condução ideal dos estímulos elétricos. Desde simples distúrbios iônicos inocentes até o aumento súbito e importante de íons imprescindíveis à vida (como, por exemplo, nos casos de rabdommiólise – destruição em massa de tecido muscular) podem ocorrer e seu coração não sabe trabalhar se não estiver TUDO em sua devida ordem, inclusive a quantidade de íons.

Mas esse canal serve para te orientar e não para dar medo a quem gosta de atividade física. Então, comecemos:  HIDRATE-SE, sempre e muito! Vista roupa adequada. Prefira ambientes ventilados. Tenha uma boa alimentação prévia aos esforços. Uma boa noite de sono invariavelmente. Treine com cautela e sob a estrita orientação de profissionais acostumados e especializados nesse tipo de atividade. E SEMPRE consulte seu médico antes de decidir invadir um campo que não era seu de costume!

Bons treinos, ainda que no calor!

Tem alguma dúvida sobre como blindar o seu coração de corredor? Dani-se ajuda você a estabelecer uma relação mais direta com os integrantes do seu time de especialistas que atuam na área esportiva e na promoção da saúde. Basta acessar o link Pergunte ao Especialista para enviar o seu questionamento e ter a sua dúvida respondida pelo nosso cardiologista Henrique Bonaldi.

Dani-se! Vamos Correr com o coração blindado!

Henrique Bonaldi –O cardiologista Henrique Bonaldi possui graduação em Fisioterapia e Medicina. É Médico Cardiologista pós graduado pela Estadual de Rio Preto – SP. Atua como médico assistente e Coordenador da Residência em Cardiologia no Hospital Metropolitano, é Oficial Médico no Exército Brasileiro e Professor Médico na disciplina de Urgências e Emergências da Multivix.

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