O que é a CorrerPedia? É uma seção idealizada pelo Dani-se em alusão à WikiPedia, enciclopédia online e internacional que reúne uma coleção de documentos e conteúdos. Escrita pelo professor de Educação Física, Anselmo Perez, o “treinador enciclopédia”, a CorrerPedia tem o objetivo de explicar e significar conceitos e temas relacionados à pratica da corrida. “O importante é poder atingir as pessoas com o nosso conhecimento e experiência para ensinar”, resume o professor. Vamos aprender?
Ritmo
Ritmo (do grego rhuthmós, movimento regular) é um substantivo masculino que significa sucessão de tempos fortes e fracos que se alternam com intervalos regulares, ou movimento regular e periódico no curso de qualquer processo; cadência.
Para a Educação Física, de acordo com Perez (2018, p. 136), mais do que uma qualidade física, o ritmo, como movimento regular, com fluidez, que se move de forma regular, está presente na vida das pessoas. As células que formam os tecidos possuem ritmos específicos, assim como os mecanismos de controle. Para o treinamento, é a qualidade física explicada por um encadeamento de tempo, dinâmico-energético, uma mudança de tensão e repouso, enfim, uma variação regular de repetições periódicas (TUBINO, M.; TUBINO, F.; GARRIDO, 2007).
Além disso, o ritmo, ou cadência, representa a capacidade de desempenho aplicada a uma relação direta entre o volume e a intensidade de treinamento, considerando que, para se atingir maiores volumes, há necessidade de controle de uma intensidade adequada. (PEREZ, 2018, p. 208).
Também é chamado de ‘Pace’
Entre os corredores é comum se utilizar o termo pace (do inglês ritmo), e pode ser desenvolvido de diversas formas: uniforme, crescente, decrescente, irregular e em serra.
Interpretação
A escolha do ritmo em uma prova mostra-se individual. Porém, há alguns fatores que devem ser levados em consideração e estão relacionados as preparações técnico-tática, física e psicológica. Um ritmo adequado é aquele que permite que o corredor aplique a melhor eficiência mecânica possível, em estado de equilíbrio fisiológico e com segurança/confiança de terminar bem a prova. Além disso, a escolha do ritmo em uma prova deve ter sido treinada o suficiente para que o índice de adaptação fisiológica (IAF) tenha apresentado melhoria (PEREZ, 2018, p. 209).
Curiosidade
Para identificar o perfil e as diferenças de ritmo de corredores e corredoras não atletas em meia maratona e maratona, Nikolaidis, P. T. et al (2019) estudaram os tempos (ritmos) de 9137 finalistas da meia-maratona (n = 7258) e maratona (n = 1853) de Liubliana (Suíça, 2017, com percurso plano e semelhante, variando de 295 a 324m) em cinco segmentos de corrida respectivamente:
1) 0–5km e 0–10km;
2) 5–10km e 10–20 km;
3) 10–15km e 20–30km;
4) 15–20km e 30–40km;
5) 20–21.0975 e 40–42.195.
Para se ter ideia do nível de desempenho das pessoas, as velocidades médias dos homens foi de 11,3 e 11,1 km/h e das mulheres de 10,0 e 10,3 km/h para meia maratona e maratona, respectivamente.
Os corredores de meia-maratona fizeram um ritmo positivo, ou seja, foram aumentando o tempo (consequentemente piorando o ritmo), com todos os segmentos sendo mais lentos do que o anterior, sem ritmo mais forte no final.
Uma diminuição gradual na velocidade média através dos segmentos de corrida foi observada para ambos os sexos, tanto na maratona quanto na meia maratona, por exemplo, de 3,26 ± 0,44 m/s (11,7 km/h) no segmento 1 para 2,99 ± 0,50 m/s (10,8 km/h) no segmento 5 na meia maratona masculina. Observou-se um ritmo mais regular na meia maratona para ambos os sexos do que na maratona.
Em resumo, as corridas de meia maratona e maratona apresentaram um ritmo positivo, ou seja, a velocidade diminuiu ao longo da corrida; no entanto, corredores de meia maratona não mostraram um final de prova forte, o que foi observado em maratonistas do presente estudo, bem como em todas as pesquisas anteriores em maratona.
Além disso, mulheres e homens adotaram padrão de ritmo semelhante na meia maratona, enquanto que na maratona, as mulheres tinham um ritmo mais regular do que os homens, o que está de acordo com a literatura existente sobre maratona. Consequentemente, os corredores devem ser aconselhados a adotar um ritmo menos variável ao competir em uma maratona, independentemente de seu sexo.
Atletas de elite têm atingido os seus melhores desempenhos, incluindo os recordistas mundiais, com ritmos crescentes, ou seja, parciais negativas principalmente no segmento 5.
Dani-se! Vamos Correr e aprender sobre corrida!
Anselmo Perez – Treinador Enciclopédia – O professor de Educação Física é um “treinador enciclopédia”. Detentor de um conhecimento ancestral, dos primórdios do treinamento esportivo até os dias atuais, Perez lançou recentemente o livro ‘Treinamento Corporal Humano: Fundamentos Para a Prática de Exercícios e de Esportes’. Domina o conhecimento científico e empírico, aplicando há décadas os fundamentos na prática de seu próprio treinamento. É atuante também na área de fisiologia do exercício na modalidade de corrida de rua. Possui graduação em Licenciatura Plena em Educação Física pela Escola Superior de Educação Física de São Caetano do Sul (1980), mestrado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1990), Livre Docência em Natação pela Universidade Gama Filho (1990), e doutorado em Ciências Fisiológicas pela Universidade Federal do Espírito Santo (1999). Atualmente é professor Titular da Universidade Federal do Espírito Santo.
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