Histórias

Bernardo Andrade perdeu 39kg, largou o cigarro e se tornou ultra

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De ‘hamster’ a contador de postes. Assim Bernardo Andrade define a sua trajetória percorrida para a perda de peso. Começou na esteira da academia com 119kg e depois ganhou as ruas até chegar aos atuais 80kg. Exemplo de superação e força de vontade, ele transformou um transtorno – a hiperatividade – em incentivo para ir (ou melhor, correr) cada vez mais longe. Bernardo é de ‘Exatas’ e foram os números que o levaram até a área ‘Biológica’: descobriu a fórmula mágica para emagrecer e eliminou para sempre o tabagismo, ganhando mais qualidade de vida. E, correndo e perdendo peso, acabou passando também em ‘Humanas’: ganhou vida, apoio da família, equilíbrio, grandes amigos e disciplina! No vestibular da corrida, Andrade passou em todas as áreas. Inspire-se!

Nome completo: Bernardo Viana de Andrade
Apelido na corrida: não tenho
Equipe: O2 Fit
Treinador: Bernardo Ramos
Idade: 43 anos
Profissão: Analista de Sistemas
Estado Civil: Casado
Percursos que já corri (x) 5k (x) 10k (x) 16k (x) 21k (x) 42k (x) Ultra
Minha maior distância percorrida foi… 90km
Peso antes de começar a correr: 119kg
Peso atual: 82kg

Comecei a correr há sete anos. Era uma segunda-feira de manhã quando após um domingo tradicional de muita cerveja e churrasco tive mais uma noite terrível – gastricamente falando rs – e tomei a decisão de mudar de vida. Isso reflete muito meu jeito de ser. Quando coloco um troço na cabeça vou até o final.

Sentei na sala e a empregada arrumava as coisas naquele momento. Peguei uma mochila, coloquei coragem, uma toalha, roupa de trabalho e me levantei em direção à porta. A Patrícia, que arrumava a sala, perguntou: ‘Onde você vai’? Eu respondi: ‘Para a academia. Vou cuidar de mim’. Ela morreu de rir e disse que não acreditava. Prosseguiu: ‘Mas vai aonde’? Falei: ‘vou para a Academia Razões do Corpo, perto do meu trabalho na FAESA. Tomo banho, depois vou trabalhar. A partir de hoje tudo mudou’.
Ela disse: ‘Porque não malha aqui perto de casa? Você almoça e já vai para o trabalho almoçado e de banho tomado’. Refleti e topei. Fui para a academia próxima de casa, decidido a mudar de vida.

Mas acontece que todos sabem que academia é monótono para uma pessoa hiperativa (como eu). Mesmo assim persisti. Sou da área de Exatas, números sempre me atraíram e não existe variável mais apropriada para acompanhamento de resultados nesse projeto que o meu próprio peso. Diante disso percebi que: quando cumpria aqueles intermináveis 5 a 10 minutos de aquecimento na esteira, perdia mais gramas do que no dia que, por preguiça, fazia apenas a empolgante série de exercícios em aparelhos.

Foi aí que pensei: ‘Quer saber? Vou aumentar esse tempo na esteira, já que perco mais gramas nela e dar um “migué” nos aparelhos’. Eu queria apenas perder peso e aquele trambolho hamster (a esteira) era minha companheira ideal.

Pesos foram se perdendo, junto com a paciência de estar ali igual a um rato. Comecei a ver vantagem em fazer apenas corrida e já bastava ficar parado. Durante esse período de esteira fui até os impensáveis 30 minutos seguidos sem parar. Contei muito com a ajuda do meu amigo e ultramaratonista James Theodoro, com quem trabalho há muitos anos, que sempre me incentivou. Certo dia, machuquei meu calcanhar com uma ferida por não usar um calçado apropriado. Relatei a ele, que no dia seguinte bateu na minha porta do NTI CET-FAESA me entregou um par de tênis e disse: ‘use esse’. Parecia um sonho poder fazer uma atividade que me ajudava no meu objetivo e sem machucar o pé.

De hamster a contador de postes. Bom, a minha hiperatividade não me permitia mais ficar em cima de uma máquina 30 minutos sem sair do lugar. Já havia perdido bastante peso, mas precisava de algo novo para manter a motivação. Foi aí que peguei a coragem, o tênis que ganhei, a vergonha de correr na rua e passei a correr contando postes. Até que um dia contei tantos postes que me senti capaz de me inscrever numa prova oficial, o Circuito Capixaba de Corridas – Etapa Vitória.

Foram 5km e não consigo descrever o que senti durante a prova. Muito tempo, apreensivo, medo, enfim, sentimentos que normalmente acontecem com quem está em algo novo. Mas o final, sim, isso eu sei dizer, me senti um superhumano, capaz de realizar algo de bom pra mim e por mim.

Paralelo a isso tudo, obviamente e voltando aos números, por uma questão óbvia, precisava cuidar da minha alimentação e fazia contas simples: se eu consumir menos calorias que preciso em um dia, logo perderei peso. Se essas calorias forem boas, melhor ainda, e se aliado a isso conseguir correr no dia… BINGO! Achei a fórmula mágica do emagrecimento!

Foram muitos meses de aprendizado, lesões por falta de conhecimento, problemas intestinais, e outras consequências que me fizeram ver que a corrida me coloca no lugar. É quando falo com Deus (geralmente depois do km 30 TODO MUNDO FALA COM DEUS, rs), me equilibro, me sinto mais vivo que nunca.

Até que pensei: ‘Estou pronto para as Dez Milhas Garoto’. Treinei sozinho, fui lá e fiz. Depois, a Meia do Rio. Treinei sozinho, fui lá e fiz. E a cada conquista achava que poderia sempre um pouco mais.

Maratona. Quando passei o pórtico da Meia do Rio no Aterro do Flamengo, pensei: ‘Já acabou? Ah não! Ano que vem, eu dobro esse trem’. Me inscrevi da Maratona do Rio. Sozinho? Maratona? Aí não dá, foi quando conheci meu amigo/irmão Bernardo Ramos e a família O2fit, que sempre incentivou e acreditou que eu era capaz de cumprir os sonhados 42,195km.

Último passo da transformação – Comecei a treinar com planilha e acompanhamento profissional e até então eu corria, mas levava comigo o vício do tabagismo. Acontece que, como todos sabem, correr uma Maratona é fácil, difícil é treinar pra ela. Percebi que ou fumava ou virava maratonista.

Cheguei numa quinta-feira no trabalho, peguei meus maços de cigarro, meu isqueiro, meu carregador de gás para isqueiro, olhei para meu amigo de trabalho, que também fumava, e disse: ‘Toma, isso tudo agora é seu’. Parei de fumar há seis anos e nunca mais coloco um cigarro na boca.

Ultramaratona – Treinei, treinei, treinei e treinei e ufa! Pronto, Maratonista! Depois veio o DVA Solo 50km, um capítulo, desabafo à parte, me dediquei como nunca, dia após dia para esse desafio. Minha primeira prova acima de 42k. Nervosismo, tensão, apreensão.

Fomos para largada do Parque Paulo Cesar Vinhas, em direção à Vitória. Tudo correndo muito bem, fora o esperado desgaste já conhecido e sabido por quem se propõe a esse tipo de coisa, quando por falta de experiência por não ter conhecido o percurso com atenção e lido regulamento completo, REPITO: FALTA DE EXPERIÊNCIA E ATENÇÃO e jamais FALTA DE HONESTIDADE, errei o caminho deixando de passar por um CP e perdendo (5km). Fato esse que só percebi quando, ao chegar em Vitória, outros atletas solos, que estavam na minha frente passando por mim. Não me abalei naquele momento. Faltava muito pouco para superar a Maratona. Segui caminho e, ao chegar na Vale e ver que de fato estava errado, pois meu GPS marcava apenas 50km. me dirigi ao organizador Allen Brandizi pedindo para me eliminar, pois havia cometido um erro. Ele é prova disso.

Portanto, você que um dia duvidou da minha honestidade, saiba que jamais cometeria uma burrice dessas. Sou ex-obeso, ex fumante, não tenho histórico de atleta. O terceiro lugar do pódio chegou horas na minha frente. Eu deveria ter cortado caminho lá em Guarapari para almejar algo desonesto, não teria treinado como LOUCO afim de trapacear. Esse recado vai pra quem sabe que falou e nem teve coragem de falar na minha cara. (Ufa, final do desabafo rs.) No mesmo ano, foram 12 horas do Exército (90km). No ano seguinte, foram Maratona do Rio, 6 horas dos Bombeiros (53km), 8h da Marinha (68km) e 12 horas do Exército (50km).

Isso tudo com apoio da concorridíssima senhora minha esposa Nega Daisy Fernandes, que apoia a mim e a geral que estiver por perto em todas as provas, em todos os momentos, a cada km de cada pessoa que conhece ou não conhece rs. Fora galera que já correu, corre e ainda correrá comigo, que nem dá pra falar nomes, se não vou esquecer alguém com certeza. E acho que é isso. Que venham novos desafios. 

Rapidinhas:

Quem você é quando está correndo? Um espírito em busca de equilíbrio

Quem você é quando não está correndo? Um ser colhendo frutos por ter corrido

Por quem/Para que você corre: Por mim, pra mim.

No que você pensa durante a corrida?
No treino, em Deus, família, soluções diversas para as situações do dia a dia. Na prova, em Deus, família e nas estratégias para finalizar bem e feliz.

Para o que você diz “Dani-se. Vou Correr!”? Problemas

Você corredor por você não corredor: Eu não corredor me vejo corredor. Como uma pessoa muito melhor em todos os aspectos. Nem eu me suporto “não corredor”.

Perdi correndo… O medo, a vergonha.

Ganhei correndo… Vida, apoio da família, equilíbrio, grandes amigos, disciplina.

Ainda pesa… Hoje sinceramente não sinto nada mais da obesidade, me fortalece demais lembrar como era e como é.

Me sinto leve… Liberdade, gratidão a Deus, clareza de pensamentos, valor a vida, superação…

Frase que você gosta ou que representa sua história na corrida
Gosto pra caramba desse texto. Foi o primeiro que me motivou e até hoje me arrepia em ler.

“Deixe-me dizer algo que você já sabe …

Pra conquistar alguma coisa grande,
alguma coisa que vai fazer diferença não na vida dos outros, mas na sua,
você já sabe o que tem que fazer.

Assim como você já sabe que quando acordar às 5h da manhã,
nem sempre o céu estará aberto,
nem sempre a temperatura estará amena,
nem sempre o seu corpo terá vontade de sair da cama.
Mas você vai se levantar, a maioria estará deitada, mas você estará de pé.

Você se acaba nos treinos de tiros,
roda até o fim de um longão em pleno fim de semana,
você faz o que é preciso fazer.

Porque só amador pensa que os grandes já nasceram fortes,
e você não é um amador.

Toda corrida tem aquele momento decisivo,
àquela hora em que você precisa escolher se vai quebrar quando o cansaço bater
ou se vai mostrar a incrível capacidade de continuar um pouco mais,
porque a dor vai chegar.

Não importa o quanto você esteja preparado!
Não importa quantas corridas já tenha feito!

Vai chegar um momento em que a dor será mais forte
e você irá se curvar com as mãos no joelho.

Mas quando isso acontecer,
quando você estiver olhando para o chão,
você vai estar depois da linha.” 

Por fim, deixe uma mensagem para quem vai se inspirar em você e na sua história. 

“O que vai realmente fazer a diferença para que você alcance seus objetivos é a sua VONTADE”.


Antes e depois da corrida | Quantos quilos você deixou pelo percurso desde que começou a correr? O que você perdeu e o que ganhou com a corrida? Quais vícios precisou abandonar para ter um estilo de vida mais saudável? Queremos ver a sua transformação através da corrida!

Para participar, envie um email para dani.se.vou.correr@gmail.com. Sua história será publicada aqui e vai inspirar outras pessoas a calçar o tênis e sair correndo por aí. Participe e Dani-se. Vamos Correr!

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