Em uma era de exigências, adversidades, comparações, dilemas e muita sobrecarga, que tal começar o ano aprendendo a se cobrar menos?
Segundo Monica Machado, psicóloga, fundadora da Clínica Ame.C, pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein; a autocobrança é a constante busca pela pseudoperfeição e, consequentemente, gera expectativas irreais, tornando uma das principais causas das nossas maiores frustrações.
“Autocobrança é sobre tudo o que queremos esconder: imperfeição, vulnerabilidade, sensação de impotência e incapacidade. Afinal, ninguém quer se sentir, ou ser visto, dessa forma. Daí a necessidade de se cobrar sempre, e cada vez mais”.
Para Monica Machado, é preciso ter em mente que você pode fazer e dar o seu melhor, sem ultrapassar seus limites físicos e emocionais. Essa nova forma de pensar neutraliza as emoções negativas e faz com que seja possível se relacionar ou atuar em determinadas situações com menos pressão interna e mais equilíbrio emocional.
Veja dicas para fugir da autocobrança:
Não tema o julgamento alheio
A autenticidade requer coragem, pois exige de nós aceitar nossa personalidade, nossas falhas e vulnerabilidade. É ter a força para abraçar quem realmente somos, desapegar das comparações e dos paradigmas de quem achamos que devemos ser. “Nada vale mais a pena do que trazer ao mundo o que realmente temos para dar. Ser coerente com nossa verdade nos proporciona liberdade, verdade e plenitude”, afirma a psicóloga.
Permita-se fazer menos e se cuidar mais
No modelo de vida atual, a quantidade de coisas que nós mesmos exigimos vai além do que se pode aguentar. E quando não damos conta de tudo, nos sentimos frustrados. Acorda no dia seguinte já se programando para fazer ainda mais e melhor. E a simples ideia de uma pausa se torna cada vez mais impensável.
“Como seria se você se permitisse fazer menos e incluir momentos de descanso em sua jornada? Períodos de desconexão são essenciais para o bem-estar. Esquecer um pouco o check-list, olhar para si mesmo e fazer algo que não esteja vinculado a responsabilidades, mas ao prazer, ao conforto que tanto lhe falta. Sua mente ficará mais descansada e até mais produtiva”, reflete Monica Machado.
Por que ter resiliência?
Resiliência passa por fortalecer nossas qualidades pessoais e agir diante das adversidades com foco em nosso poder de atuação. É preciso cultivar um modelo mental com espaço para uma visão positiva da vida, entrar em contato com as emoções e avaliar se suas escolhas alimentam os problemas ou agem de forma coerente à solução que se busca.
Tenha autocompaixão
O perfeccionismo e a autocrítica geram um círculo vicioso. Passamos a viver na ansiedade de uma vida e atos perfeitos, tentando nos proteger das situações capazes de expor nossos defeitos ao mundo. Quando entendemos que a perfeição não existe e nos acolhemos exatamente como somos, com o pacote completo, conseguimos nos perdoar, atuar com autocompaixão e pedir ajuda quando precisamos.
“Vale lembrar que a autocobrança exagerada pode desencadear crises de ansiedade e até desenvolver transtornos graves. Daí a importância de se policiar. Caso perceba que o sentimento fugiu de controle, o ideal é buscar ajuda médica”, finaliza Monica Machado.
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