A fibromialgia é uma doença que afeta os músculos do corpo inteiro, devido à falha do cérebro em processar a intensidade do desconforto que o corpo sente com a dor. O diagnóstico requer cuidado, porque a fibromialgia está entre as doenças reumatológicas que não têm causa específica e a dor crônica pode motivar outras patologias, como depressão e ansiedade. O número de pacientes com a doença é maior em mulheres do que em homens, pela amplitude dos efeitos hormonais do ciclo menstrual e pela diferença na maneira como as mulheres respondem ao estresse. Entre aquelas que sofrem com a fibromialgia, Lady Gaga ganhou destaque ao cancelar um show no Rock in Rio de 2017, por estar com crise fibromiálgica, e colocar a discussão sobre a enfermidade em pauta, com a famosa “Brasil, eu estou devastada”.
A condição reumatológica da fibromialgia não tem cura, mas também não é fatal nem progressiva. A literatura médica sugere a relação da fibromialgia com o mau funcionamento da produção de hormônios, mas essa teoria ainda não tem comprovação científica. O que está provado é que a doença tem influência sobre a produção de substâncias químicas cerebrais e a herança genética é um dos fatores envolvidos em seu desenvolvimento. Apesar de a fibromialgia não ser autoimune nem inflamatória, a ação do sistema nervoso para intensificar a dor, faz com que o corpo trabalhe contra ele mesmo.
Os principais sintomas da fibromialgia são: alteração do sono e fadiga, depressão ou ansiedade, dor por mais de três meses no corpo todo ou em alguma parte dele, alterações no hábito intestinal, dificuldade de concentração, falta de memória, dor ao toque e dor de cabeça. Não há exames que comprovem a doença e as ocorrências variam de caso a caso, mas podem ser feitos testes que calculam as dores e a gravidade de suas manifestações. Na fibromialgia, a dor aguda de um beliscão pode continuar por horas. Expressões como “parece que um caminhão passou por cima de mim” ou “dor até a ponta do fio do cabelo” são comuns para identificar o universo da doença. Pequenas tarefas como acordar de manhã e pisar no chão podem ser uma experiência de agonia. Em outros momentos, a presença da dor é como um formigamento no corpo inteiro, somado a um lugar específico que parece doer, mas, ao apertar, a sensação escapa.
O fato de não existir um exame que detecte a fibromialgia não diminui sua existência. Um tópico importante a ressaltar, e que por muito tempo dificultou o diagnóstico, é a descrença de familiares e amigos em relação à dor do paciente. A média de tempo para fechar um diagnóstico de fibromialgia é de três anos. Isso porque a resposta para a pergunta “Onde dói?” não é dada nos exames, pois eles não apontam lesões musculares nem inflamações. Neste período, para que os pacientes tenham qualidade de vida, o Colégio Americano de Reumatologia indica medidas importantes, entre eles: exercícios de fortalecimento muscular e resistência; meditação para treinar a respiração consciente; preparação para o sono, cortando estímulos como luz e sons; evitar o uso de drogas.
Com o diagnóstico fechado, o tratamento passa a envolver remédios para dissolver a dor, como antidepressivos (dual ou tricíclico) e anticonvulsivantes (neuromoduladores, como a gabapentina e a pregabalina), os quais aumentam a quantidade de neurotransmissores, minimizando o desconforto. Além disso, é válido procurar fóruns e grupos de apoio, para compartilhar experiências. A atitude é uma maneira de saber que você não está sozinho, percebendo as diferenças de cada pessoa em relação à doença. A rede de amizades dessa natureza é um poderoso remédio no aumento da qualidade de vida. A busca por informações — por meio de filmes, documentários e livros — ajuda a entender a situação por outros ângulos. Dessa maneira, gradualmente, a fibromialgia será apenas mais um dos elementos que compõem a identidade do paciente, e não o principal.
Outra dica é manter o corpo sempre hidratado e aliar essa prática a exercícios como yoga e pilates, além de acupuntura, massagens e outras terapias da medicina tradicional chinesa. O mais importante é manter ativo o processo de educação para hábitos de vida saudáveis. O tratamento também depende da individualidade das necessidades e das formas de manifestação da doença em cada paciente. Fatores físicos e emocionais podem gerar picos de incidência da dor. O autocuidado como maneira de lidar ou prevenir complicações da fibromialgia, a exemplo da depressão e ansiedade, é essencial.
Por fim, vale destacar que a dor crônica caracteriza a fibromialgia, mas há formas de conviver com o problema. Apesar de haver uma tendência de hospitalização recorrente de pessoas com o diagnóstico, a expectativa de vida está no mesmo nível de quem não tem a enfermidade.
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