“Sou obrigado a correr e fazer desafios”. Com apenas um pulmão, Braga, 50 anos, encarou os duros e desafiadores 35km da Ultra Terra da Laranja, no último domingo, e cruzou a linha de chegada dizendo: “Desistir não é uma opção”. Frase que ele repetiu diversas vezes enquanto abraçava vários amigos corredores e treinadores.
Após um câncer, a retirada do órgão tão essencial para a respiração dos corredores não o impediu de correr. Pelo contrário, há 4 anos, aos 46 anos, ele escolheu a corrida como aliada para melhorar a sua qualidade de vida. “Eu não tenho um pulmão e, para expandir o outro que eu tenho, eu sou obrigado a correr e fazer uma atividade. E a melhor atividade que eu posso fazer, mediante aos médicos que me autorizaram, seria a corrida. Muitas vezes eu não faço por prazer, para ser sincero, mas faço pela necessidade”, conta Braga.
No entanto, os médicos disseram que ele não poderia correr distâncias longas. Mas ele mostrou que pode sim. O Dani-se. Vou Correr acompanhou a chegada emocionante desse guerreiro e o troféu especial que o organizador da prova preparou para ele. Na homenagem, Braga subiu ao pódio do 1º lugar em uma categoria criada exclusivamente para ele.
“Os médicos disseram que você não ia poder correr longas distâncias, não é? Mostra o seu troféu dos 35km para eles. Para a gente, é uma satisfação ter histórias como a sua. Muito obrigado pela participação”, disse Roberto durante a cerimônia de premiação.
O que ele aprendeu com a corrida? “Que a gente não pode desistir! Desistir é muito fácil. Difícil é manter. Problema todo mundo tem. Podia ter desistido lá no câncer, podia ter desistido de tanta coisa, mas vencer é você persistir”.
Se ele precisou abandonar alguma prova por ter apenas um pulmão? “Nunca. Não é uma opção. Para mim, não é uma opção”, revelou Braga.
O atleta é integrante da equipe Ative, de Vila Velha, no Espírito Santo, e o seu treinador Thiago, orgulhoso, contou como é ter em sua equipe alguém com esse diagnóstico diferenciado.
“É sempre uma honra treinar pessoas que querem vencer na vida, superar suas dificuldades, superar seus desafios. Às vezes, alguns desafios profissionais e familiares são vencidos primeiramente no esporte. Então, é uma honra sempre ajudar essa rapaziada e moçada”, explicou Thiago.
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