Blog da DaniHistórias

Débora Ireno: “Perdi 4 bebês, venci o pânico e quero ser mãe na adoção”

1

Quinta-feira é dia de “Minha história com a corrida”, seção aqui do Dani-se. Vou Correr cujo objetivo é divulgar relatos de corredores sobre a sua maior paixão. Eu costumo dizer que “Todo mundo que você encontra ao longo do percurso está correndo por algo, por alguém ou para vencer uma batalha”.

A mineira Débora Ireno corre por uma causa: vencer os impactos psicológicos que sofreu após ter quatro perdas gestacionais. A guerreira aliou a fé com a corrida para derrotar a Síndrome do Pânico e agora sonha em se tornar mãe pela via da adoção.

Confira o relato emocionante dessa mulher de fibra!

Não sei bem como comecei a conquistar meus quilômetros… Acho que foi ainda na adolescência, nas aulas de Educação Física, para não jogar vôlei nem queimada. Corria pela escola afora. Diversão! Na faculdade – de Educação Física! – aproveitava o tempo livre para correr nos caminhos da UFV, alternando com a bike. Ao retornar a Barbacena, esqueci-me um pouco de ambas, mas a partir de 2014, voltei a pedalar. Muitos quilômetros nos finais de semana e também promovia eventos para estimular as mulheres a pedalarem. Ótimos momentos que renderam boas amizades. Mas a bike foi ficando de lado, aos poucos.

Aos poucos, fui voltando a correr. Veio o casamento, novas atividades profissionais como professora de Educação Física. Às vezes, voltava a correr pelo quarteirão. Mas sozinha. E praticar esporte sozinha não tem graça, mesmo as modalidades individuais! Então, vi que surgia em Barbacena a Assessoria de Corrida Calango Runners, e através de algumas daquelas amigas do tempo de bike, comecei a treinar com os “calangos”. Era 2014. Com o apoio e incentivo do Marido (importante demais isso) comecei a correr mais nos finais de semana, a treinar com a turma, a me divertir!

Corrida e fé para combater o pânico
Em 2016, por uma série de motivos e a primeira perda gestacional, desenvolvi síndrome do pânico. Foram meses tendo crises agudas até ser diagnosticada e ter o tratamento certo. E uma parte do tratamento era correr! Digo uma parte, porque precisei aliar espiritualidade (sou católica), com autocuidado, alimentação, terapia e remédios. Foi um tempo muito ruim! Muitas vezes tinha crises noturnas, o dia amanhecia e eu calçava os tênis e saía para correr, precisava sentir o vento no rosto! Ia rezando o Terço! E rezando para que o sentir o coração acelerar não me transmitisse a sensação de infarto (quem passou por isso, sabe do que falo).

Perdas gestacionais
Bom, foram muitos quilômetros, remédios, terapias, orações, cuidados da família e amigos. Fui vencendo, aos poucos. E comecei a vislumbrar percorrer quilômetros mais longos. Senti-me motivada ao ver meus colegas do grupo participando da Volta da Pampulha, Meia Maratona do Rio, de BH e tantas outras. Comecei a me preparar. Mas em 2017, duas novas perdas gestacionais. Mundo caindo! Foi necessário começar tudo de novo, em vários sentidos.

A primeira meia maratona
E me preparar para 2018, quando me inscrevi na Meia Maratona do Rio. Foram meses e muitos quilômetros percorridos, ansiedade a mil. Precisei controlar coração, cabeça, físico e emocional para conseguir participar deste desafio pessoal, conseguir conquistar. E assim foi! Naquela madrugada de junho de 2018, numa paisagem carioca linda, com o sol nascendo, percorri meus primeiros 21km. A sensação da largada, os quilômetros ficando para trás, o sol nascendo, os aplausos e incentivos da galera ao longo da orla, o medo de parar e não conseguir, a coragem de continuar, colocar um motivo nisso tudo e ao mesmo tempo, não ter motivo, apenas sentir!

A emoção da chegada
Passar pelo túnel e ver que só faltam 3km, conseguir ver alguns dos colegas de equipe, escutar meu nome no meio do povo… rezar e saber que Ele estava ali junto… Foram tantas as sensações diferentes desta hora! Escutar a música e saber que já vai acabar, ver a linha de chegada e saber que consegui cumprir minha meta…Não me lembro do que falei naquele momento em que cruzei a linha de chegada. Lembro-me de estar esgotada fisicamente. Mas o coração e a alma preenchidos. E muitas lágrimas e risos! Ao pegar a medalha, senti o gosto da conquista: deixar muitos medos e receios e tristezas para trás. Sentir o gosto da coragem e de se saber mais forte do que se imagina. E olhar para além da linha de chegada: ela é só o começo para tantas outras conquistas!

Uma decisão: ADOÇÃO!
Ah, e vieram: ainda naquele ano, 2018, eu e Marido decidimos viver a paternidade pela via da Adoção. Começamos a nos preparar dentro do que pede a lei. Um ano após, em junho de 2019, teve a primeira Corrida em prol da Adoção na minha cidade. Fui lá, corri os 5km mais felizes da minha vida, imaginando que, dali a algum tempo, seria meu filho(a) a correr comigo. Bom, já se passou mais um ano e estamos na fila oficialmente, esperando para que ela ande, nós possamos encontrar nosso filho(a) e ele(a) possa vir correr e brincar e pedalar comigo, conosco. Por hora, esta medalha está lá no quarto esperando por ele(a), pois já é um vitorioso(a).

Débora Ireno Dias – Mãe de Anjos, Mãe pela via da Adoção.
Barbacena-MG
Calango Runners e Galo Runners

Elcio Alvares Neto e a Jungle Marathon: 275km na Amazônia

Previous article

Maratona Internacional de São Paulo é cancelada

Next article

Comments

Popular Posts

Login/Sign up
X