Saúde do Corredor

Por que falar dos sentimentos melhora a saúde mental?

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Durante dois anos, após o início da pandemia da COVID-19, o cenário da saúde mental se mostrou preocupante em decorrência do aumento de casos de suicídio no Brasil – como aponta a recente pesquisa da Fiocruz. Também, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), no último relatório publicado, em cada morte ocorrida no mundo, 100 foi por suicídio.

Para este dia 10 de setembro, Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, é necessário não apenas alertar e conscientizar a população sobre o tema, mas também evidenciar a importância de falar sobre os sentimentos para melhorar a qualidade de vida, assim como a saúde mental. Pois, suicídios e tentativas contra a própria vida têm um efeito dominó, que afeta não apenas os indivíduos, mas as famílias, amigos e a sociedade como um todo. 

Segundo Beatriz Breves, psicóloga, psicanalista, psicoterapeuta e especialista na Ciência do Sentir que já catalogou mais de 500 sentimentos durante 35 anos de estudos, afirma que saber lidar, identificar e trabalhar o que sente é essencial para equilibrar a saúde mental e melhorar qualidade de vida. “Sendo cada pessoa única, com uma única história e experiências de vida pessoal, fica difícil afirmar com precisão o que exatamente leva um indivíduo a sentir dificuldades para expressar o que sente. Entretanto, se torna possível pensar que a ignorância sobre os sentimentos e a sua dinâmica de funcionamento seria o fator que impõe maior dificuldade às pessoas para expressarem o que sentem”, revela Breves.

Para que mais pessoas saibam como expressar os sentimentos, para evitar a sobrecarga emocional, a especialista separou dicas que podem ajudar a falar sobre o que sente. Confira:

  • Faça uma autorreflexão: um sentimento nunca anda sozinho. Pode existir a predominância do medo para “mascarar” o que sente, mas também é possível prevalecer a timidez, baixa autoestima, fraqueza ou desilusão (falar para quê? Não vai me ouvir mesmo?). Somente você, ao fazer uma autorreflexão, se tornará capaz de acessar os sentimentos, avaliar quais atuaram no momento ou foram predominantes para impedir a externalização.

  • Pratique a fala: para começar a externalizar os sentimentos, comece pela experiência de falar. Será por este ponto, apesar do receio ou de qualquer outro sentimento que esteja impedindo, que você se dará a chance de vencer o bloqueio. Até porque, feita a primeira vez, a própria experiência irá mostrar os benefícios conquistados e funcionará como alavanca para voltar a externalizar uma próxima vez.
  • Confiança e atenção plena: um dos passos mais importantes também é prestar atenção plena em seu mundo interno. Feito isso, você irá se deparar com mais de 500 sentimentos interagindo entre si. Então, terá a chance de verificar quais deles estão de fundo e quais predominam seu dia a dia. Esse conhecimento servirá de recurso interno para que invista em sentimentos que reforcem os de confiança e de determinação e, assim, compartilhe o que sente com mais facilidade.

Sobre a especialista: presidente, membro efetivo e fundador da Sociedade da Ciência do Sentir (SoCiS), Beatriz Breves é mestre em Psicologia pela American Word University (AWU/Iowa/USA), psicóloga, bacharel e licenciada em Física, com especialização em Física Moderna com base na Física Clássica pela Faculdade de Humanidades Pedro II (FAHUPE). Também é psicanalista pela Sociedade Brasileira de Psicanálise, filiada à International Psychoanalytical Association (SBPRJ/IPA), e psicoterapeuta analítica de grupo pela Sociedade de Psicoterapia Analítica de Grupo (SPAG-E.Rio), da qual foi presidente no biênio 1998-99. Autora da Ciência do Sentir, entre outros livros escreveu: “Macromicro – A Ciência do Sentir”, “O Homem Além do Homem”, “A Fronteira do Adoecer – Por que Você Adoece?”, “O Eu Sensível”, e “Falando de Sentimentos com Beatriz Breves”, “Entre o Mistério e a Ignorância – o Desvendar da Psique Humana” todos publicados pela Mauad Editora.

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