A coordenadora-geral de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Dilma
Alves Teodoro, explica que o suicídio pode ser prevenido e que há sinais que a
famílias, os amigos e professores podem perceber, como o isolamento,
desinteresse pelas atividades que gostava, irritabilidade, falta de
autocuidado, músicas e publicações mais tristes nas redes sociais e discursos
que “a vida está mais difícil”.
“São sinais que devem ser observados pela família, porque esse momento é de
intervir, de chegar perto e conversar sobre o assunto, orientar para que a
pessoa busque uma ajuda e se oferecer para acompanhar”, disse Dilma.
A diretora do Instituo Bia Dote, Lucinaura Diógenes, de Fortaleza, sentiu na pele esse preconceito com a morte de sua filha Beatriz, por suicídio, em 2008. Para ela, esse tipo de informação é essencial para prevenção e acrescenta que a abertura ao diálogo deve ser feita sem julgamentos.
“A partir da morte de Bia é que tivemos contato com o fenômeno suicídio. Não era um tema próximo, não era previsto essa questão de dar sinais, não sabíamos que existiam esses sinais. E, hoje, não percebo que Bia tivesse dado sinais tão evidentes. Se eu tivesse essa informação na época, talvez tivesse percebido”, destacou.
Dilma explica que o fator de maior risco para o suicídio é um transtorno mental, mas que há agravantes. Segundo ela, os dados sobre mortes por suicídio vem se mantendo estáveis ao longo dos últimos anos, com maior incidência na população jovem, de 15 a 29 anos, e nos idosos.
No caso dos jovens, ela explica que o risco pode ser potencializado pelo uso de álcool e drogas, e nos mais idosos por questões como perdas de familiares, doenças crônicas e maior responsabilidade no provimento da família. O estresse causado pela pandemia de covid-19 também pode ser fator de risco para pessoas que já têm algum transtorno ou funcionar como gatilho para o aparecimento.
“Se considerar o momento que estamos vivendo, não só a saúde pública, mas questões econômicas e sociais também tem um peso significativo. Os dados mostram que países em situações de crise grave, de calamidade, tem um risco aumentado de tentativas de suicídio”, disse.
Por isso, durante esse período, o Instituto Bia Dote abriu um canal de plantão psicológico. A diretora Lucinaura conta que a equipe fez diversos atendimentos de urgência de pessoas em situação de crise, de ansiedade, depressão e pânico, inclusive algumas com ideação suicida. Atualmente, o canal está funcionando de terça a quinta-feira, por ligação ou WhatsApp, no número (85) 99842-0403.
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